PILOTOS DE AVIÕES: EXCELENTES COMUNICADORES

Por Marcio Seixas

Mal acabei de colocar o cinto de segurança, ouvi o som inconfundível da aeromoça em seu speech monótono, a voz “cantando” do agudinho ao grave sensual, as palavras prejudicadas pela boca colada no microfone. Era o primeiro de uma série até Porto Alegre, meu destino. Porém uma voz agradável, suave, linear  – ah, se quem fala soubesse o valor da linearidade!… –  em tom coloquial, obteve toda minha atenção. Era o piloto fornecendo informações relevantes sobre o voo. Como é possível numa única cabine procedimentos tão diferentes? Tem-se a impressão de que num voo cada tripulante fala da maneira que quiser. O piloto chamou a atenção pela ausência de estilo. Cumpriu a tarefa de informar. Só isso. Sem o estilo pomposo, canastrão, mecânico da aeromoça, sem o “puf puf puf” no microfone. O piloto comunicou tudo o que precisava com elegância, articulação clara e precisa, de modo linear, e chamou a atenção muito mais do que as aeromoças e comissários. Por que as companhias de aviação negligenciam tanto esse segmento da comunicação, que é tão importante para o ouvido do passageiro? Que método usam pra treinar a tripulação? Quais são os critérios? Adoraríamos saber essas respostas.

 

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MAIS RESPEITO COM A URA

(Unidade de Resposta Automática)
Por Marcio Seixas

Causa espanto o tratamento dispensado à comunicação eletrônica, seja pelas operadoras de telefonia, serviços públicos, particulares, comunicação interna de aeroportos, comunicação à bordo de aviões, transportes públicos.

Enquanto um comandante de avião transmite confiança aos passageiros falando no microfone, outro fala como se tivesse receio. O mesmo acontece no trabalho dos comissários em sua enjoada tarefa de irradiar todo o procedimento antes, durante e ao fim do vôo.

A desinformação nessa área é alarmante. Os responsáveis pela escolha de vozes para gravar respostas ou textos padrão deveriam se preocupar com a qualidade da leitura, os vícios de linguagem, inflexões corretas e a projeção perfeita da voz. Deveriam. Mas de que maneira se preocupar se não sabem o que significa isso?

A única explicação plausível é: CADA UM FAZ DO JEITO QUE ACHA QUE DEVE SER. O resultado é um pastiche! Pode uma operadora de tv a cabo falar assim com o consumidor aborrecido com a ausência de sinal na sua tv: “Que bom, vi que você teclou 3. Que bom, para falar de assistência técnica, você tem que teclar 4…”?

O cliente irritado tecla imediatamente para se livrar das “gracinhas” e ouvir em seguida a mesma chatice ao teclar 4: “Óóó, eu vi que você teclou 4, portanto, eu sei que você tá querendo assistência técnica. Agora você vai estar fazendo o seguinte…”

Os “sábios” que criaram isso, tem uma vaga idéia do quanto irritam o cliente que já está irritado pela ineficiência do serviço prestado? Então, por que não entregar esse serviço aos profissionais que sabem fazer esse serviço? Por que não contratar profissionais especializados para treinar os CALL CENTERS onde esses textos são produzidos e gravados por curiosos?

Comunicação eletrônica tem que ser objetiva, curta! Todo mundo tem pressa, todos querem solução imediata. Os amadores e curiosos afetam os negócios de uma empresa por se comunicarem de forma errada com o cliente. A escolha da voz e a qualidade da leitura sem vícios são fundamentais para se produzir uma comunicação eficiente e agradável.

O profissional da voz sabe produzir inflexões, pontuar, respirar, mas, principalmente transmitir credibilidade para enaltecer as palavras de valor do texto.