QUER SER DUBLADOR? SEJA BENVINDO!

(Texto de Marcio Seixas)

Primeiro ponha os pés no chão. Pense em realidade. Ela é pior do que você está pensando. Sim, eu sei, só vai saber se meter a cara. Primeiro vamos avaliar os obstáculos no seu caminho e em você próprio. Sua leitura em voz alta é fluente? É boa mesmo? De “ledores” o mercado está abarrotado. Se quiser fazer parte do imenso contingente dos sem noção, dos sem chance, a opção é sua. E o inglês está afiado? Se você fala, escreve e entende já avançou metade do caminho. Pouquíssimas pessoas nesta profissão falam e entendem inglês. E lamentavelmente muitas tem enorme dificuldade com o português. Precisamos de pessoas inteligentes, talentosas, bem informadas, que interpretem bem, que sejam criativas. Você se garante mesmo? Óóótimo! Então continue lendo.

Para ser dublador é necessário o registro de ator/atriz na carteira de trabalho. Sem ele ninguém entra no mercado. Não adianta espernear, é lei! Portanto procure já um curso recomendado pelo sindicato dos artistas para obter o registro. Fique atento porque o que tem de espertalhões no mercado do eixo Rio-São Paulo é uma festa! Há sempre alguns desavisados que continuam sendo lesados. Portanto valorize suas economias, seu projeto de vida, seus esforços. Vamos lá, procure um curso na pequena lista do SATED do Rio: www.sated.com.br . Escolha o que for mais conveniente ao seu orçamento.

Existem cursos ministrados o dia inteiro no domingo. Existem os de fins de semana. E outras opções de preços, duração e prazo. Uma informação que pode aliviar seu desânimo diante desses primeiros obstáculos: com 8 meses de curso, você já está habilitado a conseguir o certificado provisório pra trabalhar.

Superada essa fase, carteira de trabalho com o devido registro na DRT, procure um curso de dublagem. NÃO, EU NÃO DOU MAIS CURSOS. Os motivos eu direi um pouco mais lá pra frente. Ao escolher o curso que lhe for mais conveniente, peça pra assistir a uma aula. Também nessa área tem muitos aproveitadores. Cuidado. Ultrapassada essa fase você começa a procurar os estúdios. Não espere ser recebido de braços abertos. Vai começar a sua peregrinação. A luta que você vem travando agora será mais árdua ainda. Volto em breve com um rosário das dificuldades contra as quais você terá que lutar. E muito.

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SPOCK É ETERNO – PARTE 2


Nimoy shatner peqTexto de Marcio Seixas

Quando fui indicado pra redublar o senhor SPOCK, fiquei desorientado de tanta excitação. Não podia receber maior honraria.

Eu adorava a série, que assistia na cabine de locução da TV VILA RICA em Belo Horizonte. É, sou desse tempo em que o locutor de cabine lia ao vivo os textos de chamada e os comerciais da emissora.  1969 para ser exato. O sinal da tv era ruim, imagem em preto e branco, som ruim. Eu amava a abertura épica ao som de trompas, as aventuras…

Uma geração inteira depois, eu teria a honra de ser escolhido para dublar o meu personagem preferido. Com 20 anos de atividades na dublagem eu me garantia, claro. Ou pensava que me garantia. Já era fixo de séries adoráveis como STARSKY E HUTCH, narrador fixo das histórias de DISNEYLÂNDIA da TV GLOBO, voz do personagem  DIRTY HARRY de Clint Eastwood, JAMES BOND. Na data marcada para o inicio da redublagem cheguei à VTI querendo entrar logo em estúdio. Foi quando os trekkers me trouxeram à realidade. Eram cerca de seis pessoas  lideradas por  Cristina Nastasi.

Aquela adorável menina, quase a metade do meu tamanho, aparência de intelectual com seus óculos de grau forte e seu jeito afável, me desmontou partícula por partícula, dizendo como eu deveria dublar o SPOCK. Começava ali a maior dificuldade que enfrentei como dublador. Acostumado a “pentear” e a improvisar sobre as péssimas traduções, eu já estava viciado em modificar minhas falas na Herbert Richers, tentando fazê-las mais coloquiais, livres de vícios de tradução. Mal eu sabia o que me esperava. Os trekkers ficaram na técnica, com os olhos grudados em mim, sem esconder que estavam me fiscalizando. Nunca me senti tão mal, tão sem liberdade. Felizmente obtive a aprovação dos cultuadores da série. Deus do céu, mas a que custo!

Tudo o que dissesse respeito a Leonard Nimoy chamava minha atenção. No filme TRÊS SOLTEIRÕES E UM BEBÊ dirigido por ele há uma cena memorável: Tom Seleck lê para o bebê em seu colo com voz bem calma, sussurrada, bem linear, sem arroubo nenhum ao passo que o bebê lutava contra o sono. O texto… Uma reportagem sobre baseball! Os colegas, achando estranha tal leitura, cobram por sinais de expressão facial a maluquice dele.

A resposta só pode ter sido criada no roteiro por Nimoy: com a mesma voz carinhosa e soprosa  que lia para o garoto, responde aos outros solteirões: “não importa o assunto, desde que você fale ou leia da maneira como estou fazendo”…

Esse é o jeito Nimoy de ser, que durante todo tempo de produção dos episódios de JORNADA,  foi a vítima preferida das molecagens de William Shatner, o capitão Kirk. Shatner era o palhaço do grupo divertindo atores e equipe técnica com as imitações, piadas, brincadeiras no set de filmagem. No seu livro NÃO SOU SPOCK, Nimoy diz que por mais que se precavesse, sempre caía em alguma armadilha preparada por Shatner. Uma delas foi a bicicleta que sumia. Morando perto dos estúdios Paramount, ele pedalava pra ir trabalhar. Pois não é que o gaiato Shatner de vez em quando desaparecia com a bicicleta dele? Nossa mãe, hoje passei do ponto. Pessoal, mil perdões. Mas acho que vocês vão curtir. Vou voltar aqui breve, tá? Com mais informações sobre Leonard Nimoy. Até breve.

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SPOCK É ETERNO

Por ocasião do falecimento do ator Leonard Nimoy, no final de fevereiro, Marcio Seixas postou em sua página no Facebook, o primeiro de texto de outros que ainda pretende escrever, sobre este grande ator e um dos personagens mais marcantes de sua carreira de dublador. Segue abaixo a transcrição do texto:

“Obrigado, obrigado, muito obrigado a vocês que são incansáveis nas demonstrações de carinho por mim. Reconheço seus gestos e serei sempre grato pelo tempo que vocês doam ao entrar no facebook pra curtir as coisas que escrevo. Desta vez peço permissão para abusar um pouco dessa generosidade.

Eu preciso falar de Leonard Nimoy, o Senhor Spock, uma referência importantíssima em minha carreira de dublador. Prometo não me estender muito. Para isso vou escrever pequenos tomos pra não cansá-los. Acreditem, é importante demais para mim externar o que sinto depois do susto de saber de sua morte. Dublar qualquer personagem de série torna o dublador muito íntimo do ator. Leonard Nimoy foi um amigo virtual por quem desenvolvi grande admiração, não só pelo ator, mas pelo ser humano que pude conhecer no seu livro NÃO SOU SPOCK. Amo esse livro.

Vou reproduzir algumas histórias muito interessantes e divertidas relacionadas ao ser humano Leonard Nimoy. Especialmente quando ele, no auge do sucesso foi à Rússia conhecer seus parentes. Podem imaginar esse sujeito de aparência severa – nos identificávamos com ele por causa do uniforme de JORNADA NAS ESTRELAS – relatando situações divertidas no seu dia a dia? Especialmente quando relatava as molecagens que Bill Shatner, o capital KIRK, aprontava com ele? Espero não cansá-los. Em breve eu conto como foi que conheci a série no final dos anos 60. Até lá.”10649673_410497379117533_5195261836327987951_n

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Muito a agradecer

Vocês nos procuraram em 2014, consultando, elogiando, cumprimentando, sempre generosos.
CONFIANÇA E CREDIBILIDADE!! Essas palavras saltaram dos seus discursos nos nossos primeiros contatos.
É assim desde o início do Locução & Voz. Tantos amigos, tanta convivência gostosa… Toda segunda-feira recebíamos vocês, alguns bem adiantados, outros já no comecinho da aula, alguns cansados, outros com sorrisos abertos e brilho nos olhos, mas a maioria num entusiasmo que sempre nos emocionou.
Em 2015, eu e Clarisse vamos viver tudo isso de novo, e em breve, numa escala muito maior. Aguardem novidades!

Marcio Seixas

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RAP DO CAQUI – Turma do 2º Semestre de 2013

“Bastou eu fazer uma pausa na aula de estúdio pra esses endiabrados aprontarem. Atrevidos! Em questão de minutos fizeram o RAP DO LOCUÇÃO E VOZ. Tem cabimento isso?
Se não bastasse a falta de respeito ao mestre que eles dizem amar, ainda imitam minha voz dirigindo eles. Cambada de desocupados!”
Veja do que Marcio Seixas está falando aqui!
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